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domingo, 11 de maio de 2025

A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA SOCIEDADE GREGA ANTIGA 🧿 Desde os primórdios da Antigüidade, a Grécia tem exercido grande fascínio direto ou indireto sobre aqueles que tiveram contato com sua cultura. A arte, a literatura e o pensamento gregos ainda estão ligados à trama da nossa vida, mesmo sem percebermos". "Atualmente a Grécia é um país pobre e de pequena expressão política,entretanto na Antigüidade, era o principal elo de ligação entre os diversos centros de civilização. Pode-se afirmar a importância da Grécia, sobretudo por ser a matriz da cultura ocidental, do pensamento racional que valoriza a razão e o conhecimento como formas de apreensão da realidade. A Grécia concorreu para a formação da civilização ocidental por meio de três processos distintos, porém combinados: primeiro, as suas próprias contribuições,notadamente nos campos da política,da arte, do pensamento científico e filosófico; segundo, as contribuições das civilizações orientais,das quais a Grécia foi intermediária;e, terceiro, as elaborações e as concepções que embasaram o Renascimento europeu,a base direta de formação da cultura ocidental moderna. Por isso, estudar a Grécia antiga significa buscar as raízes, embora remotas, da história do Ocidente atual". A Grécia Antiga chamada de Hélade pelos antigos gregos (daí helenos), ocupava o sul da Península dos Balcãs, as ilhas dos Mares Egeu e Jônio e o litoral da Ásia Menos. Na Grécia Européia podemos distinguir três regiões: a Grécia Continental, a Grécia Peninsular (Península do Peloponeso) e a Grécia Insular (ilhas do Egeu e Jônio). O norte da Grécia Continental compreendia duas grandes regiões: o Épiro, a oeste, e a Tessália, a leste. Na Grécia Central destacavam-se a Beócia e a Ática (onde se localizava Atenas). Na Grécia Peninsular, Messênia, Lacônia (onde ficava situada Esparta) e Argólida. A Grécia Asiática abrangia três regiões: a Eólia,a Jônia e a Dórida. Na Grécia Insular sobressaíam-se as Ilhas de Creta, Cícladas, Eubéia, Delos etc. A Grécia Continental caracteriza-se pela predominância de montanhas, no interior, e pelas costas extremamente recortadas, formando golfos e baías. As planícies ocupam somente um quinto do seu território.O clima da Grécia é do tipo mediterrâneo, temperado e seco no verão, e chuvoso no inverno. Devido à existência de poucos solos férteis, o gado desempenhou desde o início um grande papel na economia: criavam-se porcos, cabras e ovelhas, e, no norte, cavalos. A agricultura era praticada nas encostas das montanhas (videira e oliveira) e nos vales (cereais,principalmente trigo e cevada). Os gregos puderam encontrar no mar uma saída para sua população excedente: a facilidade proporcionada pelo grande número de golfos, baías e ilhas permitia a navegação de cabotagem. A princípio, chegaram até as ilhas do Egeu e à costa da Ásia Menor, alcançando mais tarde o Mar de Mármara e o Mar Negro, onde se estabeleceram em colônias. As regiões mais férteis estavam localizadas ao sul, no Peloponeso. Os melhores portos ficavam na Grécia Central (litoral do Egeu). Na Antigüidade surgiram na Grécia novos centros de civilização, a princípio nas ilhas e depois no continente. Nessa última região, habitada primitivamente pelos lendários pelasgos, a partir de 2000 a.C,levas de povos indoeuropeus, em sucessivas migrações, conquistaram os primitivos habitantes com os quais se miscigenaram, estabelecendo os fundamentos de uma cultura neolítica bastante desenvolvida: aqueus, eólios, jônios e, por volta de 1200/1100 a.C.,os dórios." A História da Grécia Antiga estende-se do século XX ao século IV a. C. e, normalmente, é dividida em cinco períodos: a) Pré-homérico (século XX-XII a. C.): corresponde a fase de ocupação do território grego pelos indo-europeus e do desenvolvimento das civilizações pré-helênicas; b) Homérico ou Heroico (século XII - VIII a. C.): Neste período ocorreu o processo de formação, desenvolvimento e desagregação da Ordem Gentílica; c) Arcaico(século VIII -VI a.C.): verifica-se nesta fase a colonização grega e a formação e evolução das cidades-estados. d) Período clássico (séculos V - IV a. C.): teve início com o apogeu do mundo helênico após a vitória dos gregos sobre os persas nas guerras médicas e terminou com a decadência da Grécia após a Guerra fraticida do Peloponeso; e) Período Helenístico (século III e II a. C.): nesta fase as cidades gregas estiveram sob o domínio da Macedônia. Posteriormente os helênicos caíram no domínio romano." Por volta do ano 2000 a. C., a Grécia foi invadida por tribos de pastores nômades, vindas das planícies da Europa oriental. Essas tribos, constituídas por povos indo-europeus, chegaram à Grécia em sucessivas ondas migratórias. Primeiro vieram os aqueus, depois os jônios e os eólios, e, por último, os dórios. Os aqueus se fixaram na península do Peloponeso, ao sul da Grécia. Conquistaram a cidade de Micenas, fundada pelos cretenses (habitantes da ilha de Creta). Do contato entre Micenas e Creta,desenvolveu-se a civilização creto-micênica. Os cretenses eram bastante desenvolvidos no comércio, na escrita, na arquitetura, na escultura, na pintura, etc. Com o tempo, os aqueus, que souberam apreender os conhecimentos dos cretenses, acabaram por destruir a civilização cretense. Os jônios e os eólios foram mais pacíficos e conseguiram se integrar à população que encontraram na Grécia. Os dórios, últimos conquistadores da Grécia Antiga, destruíram as cidades e os palácios dos aqueus e aniquilaram a civilização micênica. Com medo dos invasores, os gregos foram obrigados a fugir para outros lugares. O Período Homérico ou Heroico A base social da Grécia após o século XII a. C. passou a ser o genos, ou seja, a reunião em um mesmo lar de todos os descendentes de um único antepassado, normalmente um herói ou semideus. O genos, muitas vezes constituído por centenas de pessoas, era comandado por um único chefe. O poder era transmitido do pai para o filho mais velho. Mantinha-se um culto aos antepassados e uma justiça própria, baseada nos costumes. Cada membro, chamado de gens,dependia da unidade familiar, e o grupo, como um todo, gozava de grande autonomia política. Essa autonomia política era sustentada por uma certa independência econômica. Nessa época,a economia grega se resumia à arte de administrar os bens da casa. A família era auto-suficiente, espécie de organização fechada que pouco necessitava de contatos exteriores. A propriedade dos bens de produção era centralizada na figura do chefe do genos. O trabalho era coletivo; quem se recusasse a trabalhar era expulso da família. Todas as tarefas eram, por isso, valorizadas e nenhuma considerada humilhante. A produção era distribuída igualitariamente, o que impedia a diferenciação econômica dos membros do genos. Só se recorria ao trabalho de escravos ou de artesãos em casos excepcionais: quando a família era pouco numerosa ou não dominava determinada técnica de produção. A economia do genos era basicamente agropastoril, Família rica era família com terra fértil, pois garantia o sustento cotidiano e ainda conseguia armazenar produtos para tempos difíceis. O excedente possibilitava ainda contratar artesãos, comprar escravos e mercadorias de valor, que eram acrescidas ao tesouro da família. Uma forma de aumentar as riquezas era dedicar-se às guerras, à pirataria e aos saques. Geralmente, eram os mais jovens que se dedicavam a essas atividades. Apesar de uma distribuição igualitária dos bens produzidos, a organização social do genos perpetuava certa diferenciação, determinada pelo grau de parentesco com o chefe do genos: quanto mais distante o grau de parentesco, menos a importância social. No plano político, o poder do chefe do genos estava fundamentado no monopólio de fórmulas secretas, que permitiam contato com os ancestrais e os deuses protetores da família. Com o tempo, o genos começaram a encontrar dificuldades para manter sua organização econômica e social. Por causa de técnicas rudimentares, a produção passou a crescer em ritmo menor que o da população. A utilização de terras menos férteis, a especialização das áreas de produção, o uso de mão-de-obra suplementar e a busca de produtos específicos foram alternativas para o problema, mas não conseguiram evitar por muito tempo a diminuição da renda familiar e o surgimento de manifestações de descontentamento. Outro problema que surgiu foi a tendência do genos em dividir-se em núcleos menores. Ao romper os laços familiares, o genos tornava-se mais frágil. A divisão acontecia em virtude da pressão dos parentes mais distantes por melhores condições de vida e também do descontentamento de alguns com a rotina do genos. Essas condições somadas levaram à desagregação do genos. Nesse processo, os parentes mais próximos do chefe do genos foram beneficiados e os mais afastados acabaram preteridos. Primeiro foram desmembrados os bens móveis, como gado, escravos, metais, vasos e armas. Depois, o local de moradia: a casa, antes espaçosa para abrigar toda a família, começou a dar lugar a habitações menores. Por fim, começou a ser dividido o bem principal: a terra. A passagem para uma nova organização esbarrava, no entanto, em alguns limites. Em certas regiões, a terra não podia ser dividida ou repassada para quem não tivesse pertencido ao antigo genos: em diversas propriedades, os membros do genos preservavam o sistema de rodízio da terra. A desintegração do genos teve conseqüências radicais,aumentaram, por exemplo,as diferenças sociais. Surgiram grandes proprietários de terras férteis ao lado de pequenos proprietários de terras férteis; e formou-se um grande grupo de indivíduos que perderam a propriedade ou tinham lotes insignificantes, por causa de sucessivas divisões por motivo de herança. O grupo dos que pouco ou nada possuíam formou uma camada marginal, errante, que vivia de míseros salários e esmolas. A melhor alternativa era dedicar-se a outras atividades que não a agrícola, como a artesanal, o comércio e a pirataria. No plano político, a desintegração do genos fez o poder do chefe diluir-se entre os parentes mais próximos, os eupátridas (filhos do pai ou os bem-nascidos). Essa elite passou a monopolizar os equipamentos da guerra, a justiça, a religião, enfim, todos os instrumentos do poder. Consolidava-se assim a aristocracia grega, cujo poder seria sustentado pela posse da terra principal fonte de riqueza daquela época. O Período arcaico: O processo de emigração do século VIII a. C., conhecido como Segunda Diáspora grega, marcou o encerramento do período Homérico. Limitado, até então, à Grécia, às ilhas do Egeu e ao litoral da Ásia Menor, o mundo grego, no período Arcaico, estendeu-se para o Oriente e para o Ocidente. Numerosas colônias surgiram nos mares Negro e Mediterrâneo. Os gregos fundaram Bizâncio, no estreito de Bósforo e Odessa, no Ponto Euxino. Ao sul da Itália e na Sicília, denominados Magna Grécia, surgiram Siracusa, Tarente, Nápodes, Síbaris e Crotona. Ao sul da França, apareceram Nice, Mônaco e Marselha. Ao norte de África, foram edificaras Cirene,na Líbia, e Náucratis, no Egito. Na ilha de Chipre foi fundada Nicósia. Essas colônias, cuja economia foi inicialmente agrária, desenvolveram depois com a Grécia um amplo comércio marítimo. As conseqüências da colonização: a nova classe, a ruína dos camponeses e a crise das cidades-estados A emigração colonizadora e as novas relações entre a metrópole e suas colônias ocasionaram,na Grécia, grandes transformações. Desenvolveram-se a indústria e a construção naval, o comércio marítimo assumiu dimensões internacionais. Como conseqüência, surgiu na sociedade grega uma rica classe média de artesãos, armadores e comerciantes. Por outro lado, a concorrência dos produtos importados arruinou os pequenos agricultores e concentrou a propriedade da terra nas mãos da aristocracia. Generalizaram-se as hipotecas sobre a terra, a escravidão por dívidas e o desemprego. As cidades-estados foram atingidas por uma grave crise social e política. Dentro delas desencadeou-se a luta entre o povo (demos, em grego) e a aristocracia. A situação de anarquia acarretou o surgimento dos legisladores e tiranos. Os primeiros buscavam a solução da crise através de uma política de reformas; os segundos lideravam insurreições populares e conquistavam o poder pela violência. Nas cidades-estados,onde a vitória coube à nobreza, consolidou-se o regime aristocrático. Naquelas em que o demos foi vitorioso, as reformas conduziram ao regime democrático.

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