Fui Paraninfo de várias Turmas/Unopar

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

 

 

Bolsonaro propaga aos quatro ventos que o Supremo Tribunal Federal cravou que prefeitos e governadores eram os responsáveis pelas políticas de combate ao coronavírus e que isso o impediu de agir. O que o STF disse é que Estados e municípios também deveriam participar da elaboração da política contra a pandemia. Ou seja, lembrou que somos uma federação que deve ser gerida com base no diálogo entre União, Estados e municípios.

O problema é que, com isso, Jair não conseguiria implementar plenamente o seu Combo Caos Premium (distribuir hidroxicloroquina + trancar apenas idosos e imunodeprimidos + o resto na rua para se contaminar o mais rápido possível). Assim, ele usa a decisão para esconder o fato que foi ele mesmo ter que tirou o corpo fora evitando articular e liderar um grande plano nacional de combate à doença. É um caso raro de intrépido capitão que corre para o lado oposto do campo de batalha.

Desde então, vem jogando a culpa em prefeitos e governadores, chegando ao cinismo de divulgar listas de Estados e municípios responsáveis pelo maior número de mortos, esquecendo convenientemente de colocar a si mesmo, presidente do país, acima de todos.

Há colegas jornalistas com pudor de dizer abertamente a presidente mente" achando que isso extrapola o papel da imprensa. Mas quando a mentira é usada como instrumento de governo, da mesma forma que foi empregada como ferramenta de sua campanha eleitoral e como base de seus mandatos parlamentares, não afirmar isso com todas as letras é um desserviço.

Contadas à exaustão, as mentiras tornam-se farol e norte para milhões de fãs e seguidores. Ele não precisa que o Brasil inteiro acredite nelas, apenas que sejam repetidas por uma parcela de ingênuos e outra de pessoas de caráter duvidoso, criando uma parcela ruidosa de apoiadores. Simultaneamente, o pagamento do auxílio emergencial vai mantendo os índices de popularidade em alta entre os mais pobres, como esta coluna vem repisando desde o início da pandemia. E a compra de deputados e senadores garante a proteção anti-impeachment no Congresso Nacional. E, assim, vai construindo a reeleição.

Toda governante mente. A questão é quando isso se torna parte estrutural de uma gestão, estando presente em discursos, entrevistas, reuniões, para refutar quaisquer fatos e dados comprovados que estejam na contramão dos desejos do presidente. Quando a mentira é muito descarada e é pega no pulo, Bolsonaro adota a tática Donald Trump, afirmando que nunca disse o que efetivamente disse e chamando a imprensa de "fake news". Como muitos de seus seguidores não se dão ao trabalho de checar em fontes confiáveis, a culpa passa a ser dos "jornalistas que querem derrubar o presidente".

Mas, durante a pandemia, ele vem sustentando sua maior mentira - a história da "gripezinha" - com força. Toda sua narrativa ainda gira em torno disso. A letalidade do vírus? Invenção do Jornal Nacional. Quarentena? Coisa de brasileiros covardes. Mortes em massa? Mentira, são caixões enterrados com pedras e hospitais de campanha mantidos vazios para enganar as pessoas.

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