Vivemos em um Monopólio Digital, sem nos darmos conta
disso?
Nos últimos meses tenho lido vários
ensaios sobre esse tema, e realmente acredito que vale a pena uma reflexão
sobre o assunto, pois trata-se de uma discussão que joga os holofotes no
badalado mundo digital.
Baseando-se na ciência econômica, um monopólio se estabelece
quando uma empresa detém o poder sobre a comercialização de produtos e serviços
específicos, em que determina o caminho a ser trilhado pelo mercado, bem como
dos clientes consumidores de tal mercado. A consequência do monopólio é a
criação de barreiras a novos e possíveis concorrentes, a imposição de uma
política de preços que sempre beneficiará o agente do monopólio e obviamente, a
falta de concorrência ativa, faz com que a qualidade de produtos e serviços
seja comprometida.
Quando Mark Zuckerberg (“Zuckão da Massa”, diriam meus
alunos), declarou que iria “destruir o Snapchat”, por conta da recusa dos
controladores da rede social de mensagens que se apagam 24 horas depois em
vender sua operação ao Facebook, e a posterior criação de similares em todas as
redes da empresa (Facebook e WhatsApp entre elas), fez com que o assunto
ganhasse importância e relevância.
Estaria o “Zuckão da Massa”, querendo estabelecer um
monopólio entre as redes sociais disponíveis aos usuários? Mais…
Estaria o Google querendo
estabelecer um monopólio ao oferecer cada vez mais uma infinidade de produtos e
serviços, a partir do seu famigerado mecanismo de buscas?
O assunto Monopólio Digital, não é novo. Se lembrarmos bem,
temos o caso da Microsoft e seu Windows, que durante muito tempo foi o Sistema
operacional mais utilizado no mundo e que durante muito tempo sofreu acusações
de monopólio por agregar seu navegador de internet automaticamente ao sistema,
tirando de certa forma o poder de escolha dos usuários.
Pois bem, mas quais são as
consequências de um Monopólio Digital, caso ele realmente esteja acontecendo?
Em primeiro lugar, a proliferação de novas Startups e por
consequência do empreendedorismo, tão importante para o desenvolvimento
econômico mundial, se vê comprometido, pois se determinadas empresas derem as
cartas no mundo digital, somente aquelas que gozarem de interesse dessas
grandes poderão ter algum tipo de sucesso. Outra consequência, é que o mundo
digital e por consequência o Marketing, praticado por vias digitais, seria
dramaticamente ceifado em seu quociente de ideias, criatividade e inovação, pois
tudo ocorre de acordo com os interesses monopolistas.
Tal assunto ganha cada vez mais importância, a partir do
momento que alguns países começam a pensar em limitar o acesso dos usuários do
país aos serviços digitais consagrados para estimular o crescimento de empresas
que atuam no mercado digital nacionais. A partir do momento que se criam
políticas públicas de censura ao acesso e incentivo a empresas nacionais,
podemos dizer que sim, existe algo de monopólio no cenário que se apresenta.
Será que em pouco tempo teremos ações antitruste contra os
que outrora foram os precursores da liberalização do mercado para as empresas
digitais, bem como aqueles que se diziam os revolucionários do mercado mundial?