Profº João Carlos Melo. Educação é Infinita, sem fronteiras... O conhecimento é uma soma absoluta.
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quarta-feira, 20 de novembro de 2024
JÁ SE PERGUNTOU POR QUE 1 HORA DIVIDIMOS EM 60 MINUTOS E CADA MINUTO EM 60 SEGUNDOS OU PORQUE TEMOS 12 MESES E NÃO 13 OU 11?
👉-Há cerca de 5.000 anos, os sumérios, que viviam na antiga Mesopotâmia (atual Iraque), revolucionaram a forma como percebemos e medimos o tempo.
Os matemáticos da Mesopotâmia Antiga utilizaram um sistema de numeração baseado no número 60 conhecido como sistema sexagesimal e posicional, provavelmente inspirado nas computações feitas para construir seus "primitivos" calendários lunares: 12 meses de 30 dias solares.
Este sistema único levou a dividir posteriormente uma hora em 60 minutos e um minuto em 60 segundos, conceitos que ainda são utilizados hoje.
A necessidade dos sumérios de dispor de um tempo preciso foi impulsionada por sua sociedade agrícola. Calendários precisos eram essenciais para plantar e colher culturas. Eles também precisavam coordenar suas complexas cerimônias religiosas e atividades administrativas.
Para ajudar a medir o tempo, os sumérios fizeram importantes avanços na astronomia.
Eles observaram os movimentos dos corpos celestes e usaram esse conhecimento para criar um calendário lunar de 12 meses.
Os sumérios dividiram o ano em doze ciclos lunares, embora este tempo não coincidisse com o ano solar (que era mais longo), então eles adicionavam um dia a cada quatro anos para compensar (o que é agora o ano bissexto).
Mais tarde, os babilônios dividiram o dia em 24 horas e a hora em 60 minutos, que se alinhava estreitamente com as estações agrícolas.
Essas divisões não eram arbitrárias, mas foram projetadas para serem práticas e facilmente divisíveis, refletindo a compreensão avançada da matemática suméria.
Esta abordagem inovadora do tempo teve um impacto profundo em civilizações posteriores, incluindo os babilônios, gregos e romanos, que adotaram e desenvolveram ainda mais o sistema sumério.
O legado do sistema de cronometragem Sumérios é evidente em nossos relógios e calendários modernos, demonstrando a influência duradoura de sua engenhoca em nossa vida diária.
sábado, 9 de novembro de 2024
segunda-feira, 4 de novembro de 2024
Análise da obra “Educação Sentimental” de Gustave Flaubert
“Educação Sentimental”, de Gustave Flaubert, é uma obra-prima da literatura realista, publicada em 1869, que oferece um exame profundo das aspirações, ilusões e desilusões de uma geração. Situado na Paris revolucionária de meados do século XIX, o romance foca na vida de Frédéric Moreau, um jovem provinciano ambicioso que se muda para a capital em busca de uma carreira promissora e, principalmente, do amor idealizado.
1. A Figura do Anti-Herói Romântico e a Desilusão
Frédéric, o protagonista, é muitas vezes considerado o protótipo do anti-herói romântico: um jovem que se vê à deriva entre sonhos grandiosos e uma incapacidade crônica de ação decisiva. Diferente dos heróis clássicos, que avançam em direção a uma missão clara, Frédéric é atormentado por um anseio difuso, especialmente pelo amor idealizado por Madame Arnoux, uma mulher casada que personifica para ele uma beleza inacessível e quase sagrada. A paixão que nutre por ela, no entanto, é menos concreta e mais uma projeção de suas próprias frustrações e desejos, revelando a complexidade de sua própria inação.
Flaubert constrói Frédéric como um reflexo dos jovens de sua época, cujos ideais são corrompidos pela sociedade e pelo próprio egoísmo. Essa inércia, simbolizada pelo amor platônico, destaca o vazio existencial do protagonista, que busca, sem encontrar, algo de sublime para preencher sua vida, mas acaba prisioneiro de uma ilusão que jamais concretiza. A Educação Sentimental, portanto, é também a educação do desengano: Frédéric é moldado pela experiência não através de realizações, mas pela persistência das perdas e das oportunidades desperdiçadas.
2. A Crítica à Sociedade Francesa e ao Ideal Burguês
Flaubert utiliza a história de Frédéric para oferecer uma crítica contundente à sociedade francesa, especialmente à burguesia emergente. Através dos personagens que Frédéric encontra — desde homens de negócios como Arnoux até revolucionários e políticos —, Flaubert revela as contradições e a hipocrisia da classe média parisiense, que busca ascensão social sem uma base ética ou intelectual sólida. O próprio Frédéric, ao tentar fazer parte deste círculo, torna-se cúmplice de sua superficialidade, revelando uma profunda indiferença por qualquer valor que não o engrandecimento pessoal.
A sociedade de Educação Sentimental é retratada como um palco de incertezas, onde os ideais são frágeis e maleáveis, especialmente diante dos interesses pessoais. Paris, o centro das revoluções e dos movimentos intelectuais, é despojada de seu romantismo; ao invés de um cenário inspirador, Flaubert apresenta a capital como um lugar de desencanto, onde as aspirações individuais se chocam com o pragmatismo social. A revolução de 1848, presente no pano de fundo da história, não é celebrada como um momento de esperança, mas vista com ceticismo. Ao final, o leitor é levado a questionar a eficácia das transformações políticas e sociais.
3. A Psicologia da Inércia e o Ideal do Realismo Flaubertiano
A inércia de Frédéric, sua incapacidade de transformar seus desejos em ações concretas, é um dos elementos mais inovadores de Flaubert, que busca uma verdade psicológica onde a banalidade se mistura ao sublime. A estética realista de Flaubert dá à narrativa uma fluidez que reflete o próprio fluxo da vida cotidiana. Ele evita exageros dramáticos, tratando os eventos mais importantes com uma contenção que revela o vazio emocional do protagonista e de seu círculo social. Em vez de grandes clímax, a narrativa avança através de momentos de frustração e fracasso, espelhando o desencanto do mundo burguês.
Flaubert destaca a vida interior de Frédéric e, por extensão, dos jovens burgueses, como um processo de autossabotagem. Frédéric, obcecado pela ideia de grandeza e beleza, é incapaz de se comprometer verdadeiramente com qualquer pessoa ou causa. Essa abordagem psicológica, distante do romance romântico e da narrativa heroica, aponta para uma compreensão mais complexa e autêntica do que significa viver. Em Educação Sentimental, a vida não é uma sequência de conquistas, mas um processo contínuo de adaptação ao desencanto.
4. Estilo e Técnica: Ironia e Detalhismo
Flaubert é conhecido por sua ironia ácida e seu perfeccionismo estilístico. Em Educação Sentimental, a ironia é um recurso central que permite ao autor criticar seus personagens sem necessidade de condenação explícita. O estilo de Flaubert é refinado e quase científico, sua linguagem meticulosamente trabalhada para extrair significados ocultos nas menores ações. Esse detalhismo não é meramente descritivo; ele funciona como um reflexo da mediocridade e do vazio existencial dos personagens, expondo sua superficialidade com uma precisão cruel.
Além disso, a estrutura narrativa fragmentada de Flaubert desafia o leitor a encontrar significado naquilo que não é dito diretamente. Em muitos momentos, a ação é substituída pela introspecção, pelo monólogo interior, ou pelo silêncio, criando uma tensão narrativa que é resolvida apenas através da percepção da melancolia inerente à vida de Frédéric. A narração de Flaubert é fria, quase desapaixonada, o que reforça a sensação de que o protagonista é um observador de sua própria vida, incapaz de transformar suas aspirações em realidade.
5. Conclusão: A Formação pela Frustração
Educação Sentimental é, em última instância, uma meditação sobre a formação do indivíduo através da frustração. O romance reflete uma geração incapaz de agir, consumida por um romantismo que não se traduz em heroísmo, mas em desengano. Frédéric, longe de se tornar um homem realizado, emerge da narrativa com uma compreensão sombria da própria existência: ele aprendeu, mas o que aprendeu foi a impossibilidade de viver plenamente. Assim, Flaubert nos oferece uma visão amarga, porém profundamente humana, da condição moderna, onde a promessa da juventude se dissolve diante da realidade implacável da vida adulta.
O que resta ao final é a memória do que poderia ter sido, uma nostalgia que define o verdadeiro aprendizado de Frédéric. Educação Sentimental não oferece soluções ou catarse; ao contrário, coloca o leitor diante do espelho, confrontando-o com suas próprias ambições frustradas e ideais abandonados. Em sua sofisticação e ambiguidade, a obra continua sendo um dos retratos mais complexos e penetrantes da psicologia humana e da condição social moderna.
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